marisa monte

dança da solidão

Fm F7 Bbm
Solidão é lava que cobre tudo
Fm
Amargura em minha boca
G7 C7
Sorri seus dentes de chumbo
Fm F7 Bbm
Solidão palavra cavada no coração
Fm
Resignado e mudo
G7 C7 Fm F7/A
No compasso da desilusão
Bbm Gm7(b5) C7(b9) F7
Desilusão, desilusão
F7(b9) Bbm
Danço eu dança você
Gm7(b5) C7(b9) Fm
Na dança da solidão
G7 C7 Fm
Caméllia ficou viúva, Joana se apaixonou
F7 Bbm
Maria tentou a morte, por causa do seu amor
Gm7(b5) C7(b9) Fm
Meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado
G7 C7 FM
Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado
G7 C7 Fm
Quando vem a madrugada, meu pensamento vagueia
F7 Bbm
Corro os dedos na viola, contemplando a lua cheia
Gm7(b5) C7(b9) Fm
Apesar de tudo existe, uma fonte de água pura
G7 C7 Fm
Quem beber daquela água, não terá mais amargura

(Paulinho da Viola)

ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

o corpo vai morrendo...

O corpo vai morrendo
nessa solidão reencontrada
as ilusões do teu mundo
são a chuva que molha a cidade,
cai das nuvens do teu coração
e desaparecem no mar salgado;
oceano da vida

O teu sorriso
os abraços perdidos
na escuridão da rua
o bater do teu coração

Amei as tuas palavras
a tua língua suave
aprendí sempre
mas também tive de perder

A vida é sempre melhor
quando perdemos alguma coisa nossa
e recebemos alguma coisa do outro

Lembrei tarde dessa riqueza
talvez quis correr
eis o erro às vezes
querer compreender depressa de mais

As tardes do verão quente já foram
talvez sinta ja as folhas das árvores cair
talvez sintamos que velhos tempos sempre foram melhores

"numa tarde de saudade no fim do verão, no fim da floração, no princípio do outono!